terça-feira, 7 de maio de 2019

O Big Bang e a formação dos Elementos



O Big Bang e a formação dos Elementos















Adérito José Rafael
abril/2019












Introdução

Neste trabalho realizado para a disciplina de Fisica e Quimica, vou abordar o tema “Big Bang e a formação dos elementos”.
Abordaremos todas as etapas por que a teoria do Big Bang passou, até se tornar hoje uma teoria completa e aceite pela comunidade científica.
Complementarmente faremos uma abordagem sobre outras teorias que contribuíram para a explicação e aceitação da teoria do Big Bang.
Este trabalho de pesquisa bibliográfica incidirá sobre os principais cientistas e instituições que contribuíram para a formulação das diversas teorias.

O Big Bang e a formação dos Elementos

No início do século XX, havia um consenso de que o universo era estático e eterno, não se cogitava o início do universo a partir do Big Bang.
Em 1916, Albert Einstein publicou a teoria da relatividade, expressando que o universo estava a expandir-se.
Pouco depois, em 1929, Hubble mostrou que as galáxias estavam a afastar-se umas das outras com velocidades proporcionais à sua distância. Medindo o brilho das estrelas mais próximas e comparando-as com o brilho das mais longínquas, observou que a radiação electromagnética desviava para o vermelho. (Quando um objeto vem na nossa direção fica azul, quando se afasta fica vermelho). Huble observou a existência de um desvio para o vermelho, quando o observador e a fonte luminosa se afastam, a velocidade com que a galáxia se está a afastar da Terra pode ser calculada pelo desvio observado. Tal descoberta constituiu a primeira evidência da expansão do universo. Com o desenvolvimento da radioastronomia, veio a ser comprovada.
A teoria do Big Bang foi proposta pelo professor de física e padre belga Georges-Henri Lemaître. Sabendo que o universo se expandia, concluiu que teria tido um início. Como o universo se estava a expandir e a aumentar de tamanho, então no início o universo seria um aglomerado. Nos primeiros instantes após o Big Bang, a temperatura seria extremamente elevada, da ordem de 1032º Kelvin.
Estudos mostram que as primeiras estrelas e galáxias surgiram quando o universo tinha cerca de 100 milhões de anos.
Fred Hoyle, formulou a teoria do modelo do Estado Estacionário, um modelo de Universo que defende que é continuadamente criada matéria nos espaços que vão ficando vazios no processo de expansão. O modelo afirma que não houve nenhum início do universo, pois este esteve sempre a expandir-se e assim continuará.
Mas como ainda não se sabia qual das teorias estava correta elas teriam que explicar como se formaram os elementos.
A teoria de Hoyle explicava a origem dos elementos a partir das estrelas, os elementos mais leves como o hidrogénio fundiam-se, num processo chamado fusão nuclear em elementos mais pesados, assim não seria necessário ter acontecido um Big Bang. Contudo a teoria de Hoyle não explicava como o hidrogénio se formava. Hoyle afirma que o hidrogénio e o hélio sempre se formaram de forma espontânea.
Mais tarde o físico George Gamow, estudou a formação dos elementos e usando a teoria do Big Bang previu as proporções de hidrogénio e hélio. Descobre que deveria existir muito hélio e que este só existe pela fusão do hidrogénio. Constatou que o hidrogénio cria 75% dos elementos e o hélio somente 25%. Gamow chegou à conclusão que as estrelas poderiam criar a quantidade de hélio hoje existente no universo, porém, se houvesse um big bang onde as temperaturas eram tão altas que conseguiam fundir o hidrogénio em hélio em qualquer parte, seria mais credível.
Numa nuvem de gás primordial a proporção de hidrogénio/ hélio eram de ¾ para um ¼, tal como a teoria do Big Bang previu. Os elementos mais leves fundem-se tornando-se mais pesados, processo denominado de nucleossíntese.
Gamow colocou uma questão após estas descobertas!
Se o Big Bang existiu deveria haver um “eco” do tamanho poder da explosão, seja em forma de radiação ou de calor.
Após duas décadas, nos anos sessenta (1964), utilizando uma antena gigante, (estes equipamentos transformam ondas sonoras em impulsos elétricos, que posteriormente transformam a luz em forma de micro-ondas e ondas e radio) Arno Penzias e Robert Wilson, captaram um estranho sinal. Usando um telescópio gigante analisaram em todas as direções, e não percebiam de onde vinha o sinal pois ele estava em todo lado. Então contactaram com um outro astrónomo que teorizou que se poderia ver esta micro-onda directamente. Penzias e Wilson descobriram que era o fundo cósmico a emitir essa micro-onda, por outras palavras era a radiação restante do Big Bang.
Com esta descoberta conseguimos saber como é que era o universo quando tinha 380 000 anos. Antes desta “data” o universo era extremamente denso e opaco de partículas carregadas e radiação na forma de raios gama e raios X. Após 380 000 anos a mistura primitiva arrefeceu, permitindo que a matéria e a radiação se separassem. Foi também neste período que começaram a surgir os primeiros átomos neutros e os fotões, ou raios de luz que podem passar pelo universo livremente.
Em 2001 a NASA manda para o espaço o WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe) que ajudou a descobrir e a comprovar a idade do universo fixada entre 13,7 biliões de anos e 13,8 biliões de anos. Nesta altura a teoria do Big Bang era já bem aceite pela comunidade científica. A teoria de Hoyle não explicava de forma plausível a radiação do fundo cósmico.
Segundo os resultados do WMAP, o universo é “estranhamente” uniforme, pois regiões separadas por dezenas de anos-luz apresentam idêntica temperatura, os resultados evidenciaram que dois espaços que hoje se localizam extremamente longe, já deveriam ter estados juntos.
Apesar dos avanços a teoria do Big Bang ainda apresentava alguns problemas.
Para responder às críticas da teoria do Big Bang, foi formulada a teoria da inflação.
A teoria da inflação afirma que no momento logo a seguir à explosão do ovo cósmico, (o ponto de concentração do universo antes do Big Bang), houve uma expansão muito mais rápida e que à medida que foi passando o tempo foi desacelerando, ou seja, pontos do universo que já estiveram próximos, hoje podem estar extremamente longe, mas ter a mesma temperatura.
A teoria da inflação resolveu outra questão com a ajuda do WMAP. Os seus dados fizeram-nos crer que o universo é plano, porém a teoria da inflação releva que nós só vemos uma ínfima parte do universo, assim, como vemos uma parte tão pequena do universo ele parece-nos plano, mas não é. Podemos comparar com uma bola de críquete, nós sabemos que ela é redonda, mas se vivêssemos à sua superfície nós poderíamos crer que ela nos pareceria plana.
A teoria da inflação respondeu a muitos dos problemas da teoria do Big Bang, porém, havia uma questão crucial, a teoria da inflação ainda não tinha sido provada.
Mais tarde a ESA (Agência Espacial Europeia) e a NASA (National Aeronautics and Space Administration) enviaram para o espaço o satélite Blank. Os seus dados revelaram-se fantásticos com uma resolução inacreditável. Para provar a teoria da inflação foram estudadas as ondas gravitacionais. As ondas gravitacionais são ondas de vibração no tecido do espaço-tempo que são emitidas por objetos em movimento. Einstein previu que as ondas gravitacionais existiram mas nunca foram diretamente observadas. Os investigadores observaram que o movimento expansionista deveria ter gerado uma onda gravitacional muito intensa de tal forma, que ainda hoje ressoasse no espaço.
A European Organization for Nuclear Research conhecida como CERN, uma instalação de pesquisa de renome mundial, que tem o LHC (Large Hadron Collider), um acelerador de partículas que recria as condições dos momentos próximos, após o Big Bang. Os cientistas que trabalham no CERN conseguem estudar o universo no seu estado inicial, pois o LHC consegue que dois feixes de partículas de alta energia viajem perto da velocidade da luz, antes de colidirem. As partículas viajam em direções opostas em tubos separados (dois tubos mantidos em vácuo). As partículas são guiados em torno do anel de 27 Km, acelerado por um forte campo magnético mantido por electroímanes supercondutores. Os electroímanes são construídos com bobinas de cabos elétricos especiais que operam em um estado supercondutor, conduzindo eficientemente eletricidade sem resistência ou perda de energia. Isso requer o arrefecimento dos ímanes para -271,3 °Centigrados (temperatura mais fria que o espaço exterior). Por essa razão, grande parte do acelerador é ligado a um sistema de distribuição de hélio líquido, que arrefece os ímanes, bem como a outros serviços de fornecimento. O objetivo é que se produza o Bosão de Higgs, ou partícula de Deus. Acredita-se que o Bosão de Higgs poderia estar presente no momento após o Big Bang, e esta partícula poderá ter dado massa para toda a matéria do universo.
O LHC também consegue esclarecer a teoria de Tudo, cujo rosto principal é Stephen Hawking. A teoria de Tudo afirma que com temperaturas e energias extremamente altas, as quatro forças da natureza, a gravidade, as forças electromagnéticas e as forças nucleares fortes e fracas, já estiveram unidas nos primeiros momentos após a criação do universo. Quando a gravidade se separou, iniciou-se o rápido movimento expansionista, a inflação. A teoria da inflação prevê que houve um período pré inflacionário, e que se o Big Bang aconteceu uma vez, poderia acontecer de novo.
Muitos físicos acreditam num pré Big Bang. Uma das teorias afirma que o nosso universo é o resultado de um universo pré-existente. Michio Kaku em documentário do canal Discovery – Como surgiu o Big Bang, afirma “ Se o universo nasceu uma vez, então pode acontecer outra vez, criando multiversos de universos. Talvez aconteça a todo o tempo com universos a dividirem-se e a criarem outros universos, ou universos a iniciarem-se noutros e assim criando universos maiores.” De qualquer forma os modelos pré Big Bang não têm nenhuma prova experimental, assim sendo não se sabe se são verdade ou não. Não sabemos se o nosso universo veio de outro ou não.
Embora não saibamos o que está antes do Big Bang, conseguimos saber como o universo se desenvolveu.
O universo tem zero anos é um ponto super denso e quente e com o diâmetro de um protão, então acontece o Big Bang e o universo expande-se, e se a teoria de tudo estiver certa as quatro forças da natureza estão unidas até que a gravidade se separa e aí começa a inflação os universos expandem-se muito mais rápido, graças a isso todos os universos tem uma temperatura quase constante nas diversas regiões da sua imensidão. Enquanto a inflação diminui, as forças nucleares forte e fraca tornam-se duas forças separadas. Elas interagem com as partículas e antipartículas criando uma “sopa” cósmica de energia. Segundos após a explosão a temperatura desce um pouco para 1x1012 graus centigrados, os protões e neutrões fundem-se e criam os núcleos de hidrogénio pesado, a fusão nuclear faz com que os núcleos de hidrogénio  pesado se fundam em hélio. Minutos depois ¼ do hidrogénio é convertido em hélio, que se fundirá criando elementos mais pesados. Após 380 000 anos do Big Bang a matéria e a radiação separam-se permitindo que os fotões andem livremente pelo universo. Quando o universo está entre 200 e 300 M de anos a gravidade agrupa o hidrogénio e o hélio em nuvem que se dissolvem formando as primeiras estrelas. Com 500 M de anos as estrelas e gás formam as primeiras galáxias, enquanto isso as primeiras estrelas morrem e libertam elementos pesados recém formados, como o carbono, nitrogénio e oxigénio. Com 9 biliões de anos o Sol forma-se em volta de gases, esses gases e poeiras juntam-se por acreção e formam os planetas do sistema solar, e assim chegamos aos dias de hoje, após uma longa jornada de 13,7 biliões de anos. 
Será que existiu uma força mais antiga, que possa ter iniciado o Big Bang?  

Conclusão

A realização deste trabalho permitiu-me investigar e dessa forma alargar os meus conhecimentos sobre a formação do universo.
Na fase de pesquisa deparei-me com algumas dificuldades, nomeadamente em garantir que as fontes que estava a usar eram cientificamente corretas, pelo que o trabalho que aqui se apresenta tem por base um documentário do canal Discovery, que faz uma investigação aprofundada sobre o tema que escolhi para desenvolver, “O Big Bang e a formação dos elementos”. Complementarmente recorri a bibliografia que confirmasse o conteúdo do documentário.
Considero que os objetivos propostos pela professora da disciplina de física e química foram atingidos e contribuíram para o meu enriquecimento intelectual.



Referências bibliográficas


Hawking, S (2015), A teoria de tudo, Editora Gradiva
Hawking, S (2011), A breve história do tempo, Editora Gradiva
https://www.youtube.com/watch?v=u6lC3y-ckHQ&t=17s, acedido dia 10/04/2019, 16.12h