quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Artigo de opinião-- Presidenciais, -- Adérito Rafael

 

Artigo de opinião-- Presidenciais, -- Adérito Rafael


Presidenciais


Desde já quero dar os meus parabéns e faço votos para um próspero mandato ao nosso Presidente da República. Os resultados destas eleições não foram muito surpreendentes, o Marcelo Rebelo de Sousa venceu com uma avassaladora diferença. Ana Gomes e André Ventura tiveram resultados próximos, mas Ana Gomes fica à frente. André Ventura não chega aos 15% (ficando pelos 11,9%). Tiago Mayan consegue 3,22%, mostrando que a direita liberal existe e está a crescer. João Ferreira fica com 4,32% e Marisa Matias pelos 3,95%, mostrando que não teria sido má ideia ter desistido e apoiar a candidatura de Ana Gomes, Vitorino Silva fica pelos 2,94%.

Considero importante realçar que estamos a falar em presidenciais e não em legislativas. Embora tenha sido Marcelo quem ganhou as eleições, a atenção esteve centrada no segundo lugar. Em primeiro lugar, embora André Ventura tenha tido quase meio milhão de votos, convêm lembrar que será muito difícil ele conseguir converter o voto que teve nas presidenciais numas legislativas. O bom resultado de Ventura nestas eleições deve-se a:

1- O PS não ter apoiado Ana Gomes. O PS ao não ter apoiado a candidata da sua área, passou a mensagem de que era para Marcelo ganhar. Assim muitos socialistas acabaram por se abster ou votar Marcelo. Com um menor número de votos Ana Gomes acabou por ficar quase com os mesmos votos de Ventura, facto que se o PS a tivesse apoiado não teria acontecido. 

2- Existirem três candidatos de esquerda. Quando a esquerda vê que Ana Gomes está com dificuldades em superar Ventura, deveriam ter desistido e unido as suas forças para que Ana Gomes pudesse ter uma vantagem mais confortável relativamente ao candidato de extrema-direita.

3- Nem Marcelo nem o PSD terem feito campanha. Embora a sua vitória, Marcelo, não fez praticamente campanha, tendo mesmo abdicado do tempo de antena que lhe era permitido usar. Mas também Rui Rio poderia ter feito muito mais do que fez, no que toca ao apoio e à mobilização das pessoas a votar no candidato de centro direita.

4- A pandemia. A conjuntura atual acabou por favorecer André Ventura, já que muito do eleitorado se absteve. Mas não só por causa disso. A crescente onda de desemprego e crise veio aumentar a sua popularidade, já que o seu discurso de falso profeta, que embora não ofereça nenhuma solução real oferece respostas sem nexo, mas que pessoas desesperadas ou muito insatisfeitas aceitam.

5- O discurso de André Ventura. No fim de contas, o seu discurso é reflexo do resultado eleitoral. O seu discurso cavalga na insatisfação devido às medidas socialistas que foram implementadas nos últimos anos. Disseminando um espírito de divisão, que em conjuntura de crise são sempre aceites por alguma parte da população. No fundo Ventura aproveita o facto das pessoas já estarem cansadas da esquerda para as puxar para o seu extremismo.

Para mim estes foram as cinco principais razões do seu resultado.

Última nota para a transferência de votos que parece ter ocorrido no Alentejo, o eleitorado que deveria ter votado João Ferreira, votou Ventura, os extremos de algum modo acabaram por se tocar, e o eleitorado da direita conservadora, tradicionalmente CDS tivesse votado também em Ventura.

Por toda a análise que apresento, parece-me impossível, que o chega tenha um resultado perto deste numas legislativas, existe uma grande diferença entre legislativas e presidenciais.

Também Tiago Mayan pode dizer que saiu com um bom resultado. Embora só tenha conquistado 3,22% dos votos, ao contrário de Ventura, a probabilidade de a Iniciativa Liberal andar perto dos 134 mil votos não me parece difícil. Os eleitores de Mayan ou são da abstenção ou da ala liberal do PSD. Acredito que a iniciativa liberal esteja sim a conquistar votos da abstenção, mas penso que iremos descobrir nas legislativas quanto do eleitorado de Mayan era do PSD.

Relembro que a Iniciativa liberal era a ala mais liberal do PSD e que decidiu sair. Penso que podemos estar a assistir a uma fragmentação da Direita moderada, algo que nunca é bom. De qualquer forma, os meus parabéns a Tiago Mayan Gonçalves, que no início da campanha tinha pouco mais de 1% nas sondagens e conseguiu acabar com 3,22% na sua primeira candidatura em eleições presidências.

 

Autor:Adérito Rafael

 

 


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Artigo de opinião-- Vender, só vender… -- Adérito Rafael

Artigo de opinião-- Vender, só vender… -- Adérito Rafael

 

A polémica da TAP já não é novidade. A TAP tem vindo a apresentar prejuízos atrás de prejuízos. Nacionaliza-se, privatiza-se volta a nacionalizar-se e só se vê a conta a pagar.

Se o objetivo do governo é manter a TAP com prejuízos e falta de competitividade e uma maneira de desperdiçar impostos, então sim, muitos parabéns estão a conseguir. O Estado não necessita de controlar uma empresa de aviação, existem diversas outras empresas na mesma área de operação.

Mas, se o argumento é o serviço publico, a existência de rotas não viáveis, mas necessárias, não significa que a empresa que a faz tenha de ser maioritariamente pública. Para estas rotas específicas, o Estado pode contratualizar a respetiva realização, sem que haja prejuízos para o Estado. O papel do Estado não é ser o dono ou o gestor de empresas, o mercado trata disso. O papel do Estado é supervisionar e excecionalmente intervir para corrigir externalidades negativas.

Os impostos arrecadados devem ser canalizados para onde fazem mais falta, para as escolas, para a recuperação e melhoria das infraestruturas, para o pagamento de melhores salários, para a saúde, para a recuperação e melhoria das infraestruturas, para melhores condições de trabalho para médicos e enfermeiros, para o ambiente, com a instalação de painéis solares em edifícios públicos, mais espaços verdes, para apoios ao investimento entre muitas outras prioridades.

Poderia continuar a salientar melhores escolhas para o Estado investir o dinheiro público do que investir na TAP. É claro que não é a TAP que impede Portugal de ter tudo o acima mencionado, é sim todo o conjunto de medidas socialistas que estimulam este estado de dependência dos cidadãos do Estado.

A TAP precisa de uma visão diferente, de uma visão que a leve aos céus, que aumente a sua competitividade e que a torne o mais viável possível e para que isso aconteça o caminho é a privatização de grande parte da participação do Estado, seja para a Lufthansa, ou para outros interessados. Se o objetivo de ter a TAP serve apenas o simbolismo de manter uma empresa de bandeira portuguesa, é uma visão curta para o país e é só adiar o fim da companhia. A função do governo é pensar numa maneira de tornar a empresa grande e forte independentemente de ser pública ou privada, a melhor solução é que a custe menos aos contribuintes e torna a TAP economicamente viável, sem preconceitos ideológicos, apenas racionais.

Concluindo, a TAP é para “Vender, e só vender…”, mas isso não vai acontecer pois os portugueses por alguma razão, que vai muito além da minha compreensão, continuam a eleger os socialistas e dar força á esquerda. Mas a culpa também é da direita, que não consegue arranjar forma de ter um líder que a una e um líder sem populismos ou extremismos.

Entretanto, ganham os socialistas, entramos em crise, ganham os sociais democratas, melhoramos e mesmo á saída da crise, voltam a ganhar os socialistas, e o ciclo repete-se. Ou a direita liberal se torna mais forte e o PSD governo, ou então vamos continuar a ficar para trás.

 

Autor: Adérito José Rafael