sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Artigo de opinião-- Obrigar ou premiar? - Adérito Rafael

 Artigo de opinião-- Obrigar ou premiar? - Adérito Rafael

Obrigar ou premiar?

Como chegar aos resultados que pretendemos? Será que para que existam reais mudanças precisamos de obrigar as pessoas? Ou podemos simplesmente criar um ambiente em que elas se sintam estimuladas a mudar.

Muitos debates foram feitos e muita tinta já foi gasta. Um lado acha que se deve obrigar, o outro, estimular. Quando queremos uma mudança, ou chegar a algum resultado como nação, muitas das vezes, surge a questão se devemos obrigar a que certas medidas sejam tomadas ou se devemos incentivar as pessoas a tomá-las.

Esta é uma questão crucial em diversas ocasiões, se por um lado, podemos chegar muito mais rápido aos resultados pretendidos, fazemo-lo á custa da restrição da liberdade. Por outro podemos demorar mais um pouco, mas mantemos o poder de escolha das pessoas.

Um bom exemplo será o ambiente. Seria prudente obrigar todas as fábricas a utilizarem filtros nas chaminés? Obviamente o resultado de algo assim irá contribuir contra as alterações climáticas. Mas talvez devido á obrigatoriedade, os custos extra desta medida poderiam ser impossíveis de suportar por alguns. Mas não existe uma melhor maneira de resolver esta situação?

Penso que sim. Podemos, ao invés de obrigar as empresas a tomar essa medida, incentivá-las a fazerem-no. Por exemplo, as empresas que instalaram esses filtros terem alguma dedução extra.

Ou seja, para mim, será, de uma maneira geral, preferível criar incentivos ou tornar uma opção mais apetecível, do que simplesmente obrigar as pessoas a terem de tomar aquela opção.

Pois ao obrigarmos alguém a fazer algo, a pessoa mesmo que concorde com a medida pode sentir o seu poder de escolha desvalorizado. Esta restrição da liberdade vai causar um sentimento de revolta. Portanto, será uma questão de tempo até a medida perder a obrigatoriedade ou algo mais radical acontecer.

Outro exemplo. É preciso estimular as pessoas a criarem mais riqueza e melhores resultados. A existência de política de bónus é uma excelente adição para chegar a esses resultados. A empresa marca os resultados pretendidos, mas para que os funcionários estejam estimulados a conseguir ou superar esses resultados, a empresa dá bónus a quem o conseguir fazer.

Existem diversas empresas que conseguem atingir resultados muito bons devido a este tipo de iniciativas, pois as pessoas sentem-se valorizadas, sentem-se bem e ao sentirem-se bem vão ter uma maior produtividade.

Como disse, na maioria dos casos é preferível estimular e premiar, mas existem, sim situações em que é necessária a obrigatoriedade. O melhor exemplo é a lei. Tem de existir um código geral que limite os comportamentos. As regras são necessárias para o bom funcionamento da sociedade. Mas isso não significa que devamos viver uma sociedade extremamente rígida e sem liberdade.

Pois, o futuro, é Liberal, em todos os sentidos, economicamente e socialmente!

De uma maneira geral medidas autoritárias não tendem a ter grande sucesso. Temos de presar a liberdade de ser, de escolha…desde que isso não tenha qualquer implicação destrutiva na vida de outros.

 

 

 Autor: Adérito José Rafael

2 comentários:

  1. Tema muito interessante. Existem Valores essenciais, Direitos fundamentais inerentes à vida em sociedade cuja implementação e garantia implica o recurso a normas legislativas proibitivas, impositivas, delimitadoras de comportamentos e com consequências associadas às infrações. A questão é o critério, a adequação e a proporcionalidade da regulamentação. Se existirem outras alternativas que suscitem esses mesmos comportamentos e que incrementem o envolvimento e a adesão das pessoas, essas estratégias deverão ser prioritárias em relação ao simples ato de se impor, obrigar e castigar. Acresce que há assuntos cuja caraterização ética, cultural e valoração é duvidosa, díspar, não consensual (divide a sociedade) e nestas áreas, a regulamentação pode não resolver problemas nem alterar mentalidades, mas antes fortalecer oposições e prejudicar a paz social. Parabéns, Adérito, por estimulares a reflexão sobre este tema.
    Obrigado pelo teu vídeo em: https://www.youtube.com/watch?v=gVPVbVz2GdQ

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  2. Acredito que definitivamente o caso preferível seria estimular e premiar.
    Mas em correlação com o ambiente e industrias não sei se será um exemplo sólido porque poderíamos muito facilmente estarmos numa situação de chantagem.
    Com isto quero dizer com quantas deduções podemos abdicar para ter um futuro sustentável, e se estas industrias simplesmente nos deixarem de fornecer só porque não abdicamos de certas deduções.
    Para alem disso sendo um assunto global podem se simplesmente mover para outras regiões menos desenvolvidas.
    E acho que numa situação como esta seja um pouco mais delicado do que premiar ou obrigar (quase entre a espada e a parede).
    De resto concordo com a noção de premiar em vez obrigar tirando em certas situações mais especificas.

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